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O que a neurociência diz sobre a meditação?

A meditação se popularizou no mundo todo graças a sua capacidade de promover relaxamento, bem-estar e melhorar nossa concentração. Nas últimas décadas, porém, a prática ganhou a atenção da neurociência, que passou a desenvolver estudos científicos para avaliar – e comprovar – os efeitos benéficos da meditação no nosso cérebro.

Para se ter uma ideia, um artigo publicado no portal da Universidade de Harvard aponta que o número de estudos clínicos sobre a meditação Mindfulness saltou de 11 durante os anos 2004-2006 para 216 entre 2013-2015. No site de busca de artigos, ensaios e estudos médicos, o PubMed, o número de registros envolvendo o tema Mindfulness já passa de 2000.

Benefícios já comprovados pela ciência

Atualmente, um dos principais nomes da pesquisa científica sobre os efeitos da meditação no nosso cérebro é a neurocientista Sara Lazar, da Universidade de Harvard. Ela começou a se interessar pelo assunto depois de perceber mudanças importantes em seu próprio comportamento com alguns meses de prática de yoga. Intrigada, ela buscou respostas em estudos existentes e viu que inúmeros registros consistentes já apontavam que a meditação era muito benéfica para reduzir o estresse e sintomas de depressão, ansiedade e dor crônica, além de melhorar a capacidade de concentração e aumentar a qualidade de vida.

Ela ficou ainda mais intrigada e resolveu fazer os seus próprios estudos sobre o assunto. E trouxe importantes descobertas. Depois de acompanhar um grupo de pessoas que meditaram diariamente durante 8 semanas, exames de imagem apontaram mudanças relevantes na estrutura do cérebro, com o aumento da quantidade de massa cinzenta em partes fundamentais, como córtex frontal, região da ínsula e regiões sensoriais do córtex auditivo e o sensorial, o que contribui muito para um melhor funcionamento cerebral.  

Em outro estudo da Universidade de Harvard, pesquisadoras afirmam que, em algumas condições específicas, os benefícios da meditação são evidentes no tratamento para depressão, ansiedade e dor crônica. E aliado à terapia psicológica cognitiva, a meditação mindfulness aumenta a capacidade das pessoas de sentir auto-compaixão, escutar o próprio corpo e reduzir os pensamos negativos que tem sobre si mesmo. (veja vídeo completo do estudo aqui).

Na França, estudos do Centro de Pesquisa em Neurociências de Lyon indicam que a prática regular de meditação ativa áreas de cérebro responsáveis pelo controle de emoções. Existem ainda, em outras instituições, pesquisas que avaliam possíveis benefícios da meditação no funcionamento do sistema cardio-vascular e em tratamentos contra alguns tipos de câncer.

No Brasil também temos muitos estudos acadêmicos e pesquisas na área da neurociência com a meditação. A Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) tem um Centro de Formação e Pesquisa em Mindfulness (MBRP), que além de estudos, promove uma série de cursos de formação para médicos e profissionais da área da saúde.

Conheça os benefícios da respiração consciente

Você sabe respirar? Sei que a pergunta pode parecer estranha. Afinal, se você está lendo este texto é porque está vivo e, consequentemente, está respirando. Respirar é algo que fazemos de forma automática e inconsciente.

E é justamente esse o problema. Respirar é uma ação vital, algo importante demais para ser feito de qualquer jeito. E colocar atenção nesta prática e aprimorá-la pode trazer inúmeros benefícios para nossa saúde física e mental.  

O ritmo da nossa respiração diz muito sobre nosso estado emocional. Uma respiração lenta e tranquila indica que estamos mentalmente bem e em harmonia com nossos sentimentos. Já uma respiração mais curta e rápida pode indicar sinais de ansiedade e estresse. E a maioria das pessoas está respirando de forma acelerada sem nem perceber. Para saber como anda a sua respiração, sugerimos aqui um exercício simples de observação.

Conhecendo o ritmo de sua respiração

Escolha um local confortável para sentar – pode ser no chão, com as pernas cruzadas, ou numa cadeira mesmo. Alinhe sua coluna e seu pescoço, feche seus olhos e, durante 5 minutos observe com toda sua atenção o ritmo da sua respiração. Não tenha pressa, acompanhe todas as etapas deste ato tão vital e importante. Comece pelo ar entrando nas narinas, passando pela sua garganta, preenchendo os pulmões e talvez seu abdômen. Não tente controlar ou mudar a forma como está respirando. O exercício por enquanto é apenas observar.

E perceba como está sua respiração neste momento. Parece tranquila? Sente que inspira ar suficiente? A expiração parece completa? Suas vias respiratórias estão desobstruídas? Qual a impressão que você tem de sua própria respiração? 

Em seguida, tente trazer mais qualidade para sua prática e continue a se observar. Inspire de forma mais lenta e profunda. Perceba o ar entrando pelas suas narinas, passando pela garganta. Segure o ar no peito por alguns segundos e depois expire da forma mais tranquila e profunda possível.  Repita essa forma de respiração por mais 5 minutos.

No início, pode ser desafiador respirar de forma mais lenta, mas aos poucos, vai ficando mais fácil. Ao final do exercício, é provável que o ritmo de entrada e saída de ar esteja bem diferente de que quando começou. E é importante observar como se sente com a mudança.  

Os benefícios da respiração consciente

A respiração consciente nos leva a respirar de forma mais lenta e profunda. E isso diminui o ritmo do nosso batimento cardíaco e traz um sensação de calma e tranquilidade para o corpo, pois envia ao nosso sistema nervoso uma mensagem de que está tudo bem. Respiração curta ou ofegante indica ao cérebro uma situação de alerta ou perigo e é combustível para sentimentos como ansiedade, medo, angústia e insônia.

Perceber a forma como estamos respirando é uma ferramenta de autoconhecimento importante, que nos ajuda a compreender o que se passa dentro de nós. Além disso, traz consciência corporal, nos acalma e nos mantém no momento presente – afinal, a respiração não é um devaneio da mente, mas sim, uma ação prática que vivenciamos a todo momento.

Portanto, coloque atenção na sua respiração sempre que possível. Se estiver sem tempo de parar para meditar, não tem problema. O simples exercício de inspirar e expirar lenta e profundamente por duas ou três vezes já nos ajuda muito a desacelerar, soltar os ombros, relaxar o corpo e acalmar o coração. Seja por 5 minutos ou 5 segundos, faça uma pausa, direcione sua atenção e respire.  

Como a meditação pode ajudar a reduzir a ansiedade?

Ansiedade é um estado emocional que faz a pessoa se sentir impotente e indefesa diante de um futuro que parece perigoso e incerto. Uma sensação de alerta constante que não nos permite relaxar, uma intensa e eterna vontade de poder antecipar os acontecimentos na tentativa de controlá-los ou prever possíveis danos.

É um sentimento natural do ser humano e fundamental para nos manter vivos diante de situações de perigo iminente, mas que se torna patológica quando sentida de forma constante e desnecessariamente. E é isso que vem acontecendo com milhares de pessoas. Segundo especialistas, a ansiedade tornou-se o transtorno mental mais frequente no mundo – superando até a depressão. E o Brasil é o pais com o maior índice de ansiosos, segunda a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Principais sintomas e formas de tratamento

As sensações causadas pelo transtorno de ansiedade são inúmeras, mas é bem comum relatos de agitação constante, angústia, nervosismo excessivo, medo frequente e até mesmo crises de pânico. Os sentimentos de falta de segurança e estresse começam aos poucos a afetar o sono, a rotina de trabalho e a vida social dos ansiosos, que vão se sentindo cada vez mais agitados e vulneráveis.

Somente especialistas – psicólogos, médicos e terapeutas especializados – podem avaliar o quadro clínico dos ansiosos e dizer se os sintomas apresentados estão além do que é considerado normal. O tratamento mais comum envolve medicamentos específicos que diminuem a tensão – os chamados ansiolíticos -, que só podem ser prescritos por um médico, acompanhado de um processo terapêutico.

A psicoterapia e outros tipos de terapias investigativas são fundamentais para ajudar as pessoas a entender quais os fatores que desencadeiam as crises de ansiedade – gatilhos – e de que forma elas podem compreender e elaborar os sentimentos ruins que emergem com o transtorno. A prática frequente de atividades físicas e terapias complementares como acupuntura, massagens e reiki também podem ser muito úteis.

Como a meditação pode ajudar?

A meditação pode contribuir muito no controle da ansiedade porque é um exercício mental cujo principal objetivo é trazer a atenção para o momento presente. E a principal dificuldade de quem sofre com ansiedade é justamente permanecer no “aqui e agora”, pois está sempre preocupado e temeroso com o futuro.

A prática também nos auxilia a observar os pensamentos e sentimentos sem julgá-los e sem se deixar levar por eles. E por isso, é muito eficaz para acalmar os pensamentos negativos e a sensação de insegurança criada com frequência pela mente da pessoa ansiosa.

A respiração consciente e constante é outro aspecto da meditação que pode ajudar muito a reduzir a ansiedade. Ao coordenar o ritmo da entrada e saída do ar pelo nariz e pulmões, naturalmente também diminuímos a aceleração cardíaca e, com isso, reduzimos a sensação de estresse e perigo, facilitando o restabelecimento do equilíbrio emocional.

Portanto, se você sofre com transtorno de ansiedade, saiba que a meditação é uma ferramenta simples e muito eficaz na busca por uma vida mais alegre e tranquila. Vamos praticar?